segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

O sintomático caso do pão







Roubaram o Pão
Não! Claro que não!
Foi só uma brincadeira!
Pro outro lado não!

Mas foi só um pão
Um vacilo do gostosão
Uma pura boba asneira
Pro outro lado não!

Eta sofreguidão
O Pão tão atacado
Virou pantaleão
Pro outro lado não!

E em nossa imensidão
O Pão tão odiado
Virou nosso culpado
Pro outro lado não

E em nossa perversidade
O Pão tão crucificado
Virou expiação
Pro outro lado não

Enfim pro outro lado
Que não é o seu tomado
É para você e seu engasgo
Empanturrar-se com o Pão

Tá na hora de mudar de lado, não?
Ou melhor, olhar pro lado, não?
E descobrir ensimesmado
Que em um mundo espelhado
Você não enxerga um só palmo
Da sua podridão
E o tal de pão cortado
Pisado e amassado
Só não é iluminado
Porque não está de seu lado
Por outro lado, não

E a moléstia que te aflige
É cegueira de herege
Que odeia o ser cristão
Impiedosamente vil ataque
Para esconder a ação
E daí sobrar a lágrima
A inundar o teu olho
E o sintomático pão.

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