quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Descascando uma laranja




Hoje me detive pensando nas milhares de maneiras de se descascar uma laranja. (Na verdade comecei a pensar enquanto descascava uma tangerina...detalhes)

Lembrei-me então da minha infância. Naquela época, meados de (ah! segredo), eu tentava descascar a laranja com uma faca para formar uma "cobrinha", Um talho em um dos polos da laranja, contornando-a, a partir de um corte de 1,5-2 cm de largura em sentido espiralado de cima para baixo, ou de baixo para cima. Isso tudo para imitar aquele desenho lúdico estampado na Revista "Pais & Filhos" e depois brincar. Lógico que cortávamos o tampo da laranja e furávamos com uma faca e sorvíamos o supra sumo.

Hum! Bons tempos! Valores de família ainda não eram mal vistos!

Na verdade fui crescendo e fui deixando de lado tal brincadeira. Aprendi  a cortar a laranja em quatro partes; dois cortes no sentindo longitudinal e pronto. Era só descamisar a casca e comer com bagaço e tudo. Tem gente que vai arrancando os gomos com o dente, mas gosto não. Queimava meus lábios sensíveis.

Entretanto, atualmente, prefiro descascar só com a unha. Rasgo a casca na altura da inserção do galho, e com os dedos vou tirando pedaços da casca. A laranja, então, fica nua. Enfio o dedo indicador em um dos polos da laranja e divido-a em dois hemisférios. A partir daí, vou saboreando, gomo a gomo, e eliminando cada caroço com um sopro (nojento, mas delicioso).

Todos esses caminhos levam ao mesmo final, entretanto só o prazer é diferente. Em algumas situações o clímax é atingido mais rápido e em outras o processo é mais gratificante.

Sim tudo bem e daí? E o KIKO? E O BBB?

Ah! vocês pensavam que eu estava falando de BBB14? Deuzulivre! Armaria Nam!

Realmente não consigo sentir prazer em assistir esse BBB14. Principalmente ficar procurando formas diferentes de dizer a mesma coisa. Parou! Sem condições!

Poderíamos falar do relacionamento "fake" entre Vanessa e Clara. Isso já deu! Os ninjas já fizeram o serviço de pedir para criarem um enredo de DR entre elas. Foi mas não deu certo, é falso e pronto.

Ah! não me perguntem sobre Ângela, Letícia e Cia Ltda. Tudo igual, com script igual e sem sal igual.

E Marcelo? ZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZzzzzzzzzzzzz ele disse que a última opção dele era a Aline...acho que está chegando a vez dela.

E o Cássio? Cara esse bebeu a mesma bebida da Ângela e da Letícia e furou o LP na mesma: "se eu te indicar vc vai ficar com raiva?"

Por isso não falo de BBB, nem adianta tentar puxar minha língua. Tentei mil coisas diferentes para tentar gostar, não consegui. Saiu a Amarmeid e perdeu a graça!

Enfim deixa eu terminar de comer minha tangerina aqui, que eu ganho mais.



Nosso Tempo 
Carlos Drummond de Andrade
I
Esse é tempo de partido,
tempo de homens partidos.
Em vão percorremos volumes,
viajamos e nos colorimos.
A hora pressentida esmigalha-se em pó na rua.
Os homens pedem carne. Fogo. Sapatos.
As leis não bastam. Os lírios não nascem
da lei. Meu nome é tumulto, e escreve-se
na pedra.
[...]
Esse é tempo de divisas,
tempo de gente cortada.
De mãos viajando sem braços,
obscenos gestos avulsos.
Mudou-se a rua da infância.
E o vestido vermelho
vermelho
cobre a nudez do amor,
ao relento, no vale.
[...]
E continuamos. É tempo de muletas.
Tempo de mortos faladores
e velhas paralíticas, nostálgicas de bailado,
mas ainda é tempo de viver e contar.
Certas histórias não se perderam.
Conheço bem esta casa,
pela direita entra-se, pela esquerda sobe-se,
a sala grande conduz a quartos terríveis,
como o do enterro que não foi feito, do corpo esquecido na mesa,
conduz à copa de frutas ácidas,
ao claro jardim central, à água
que goteja e segreda
o incesto, a bênção, a partida,
conduz às celas fechadas, que contêm:
papéis?
crimes?
moedas?
[...]
Nos porões da família
orquídeas e opções
de compra e desquite.
A gravidez elétrica
já não traz delíquios.
Crianças alérgicas
trocam-se; reformam-se.
Há uma implacável
guerra às baratas.
Contam-se histórias
por correspondência.
A mesa reúne
um copo, uma faca,
e a cama devora
tua solidão.
Salva-se a honra
e a herança do gado.
[...]
Fonte: http://www.poesiaspoemaseversos.com.br/nosso-tempo-drummond/#.UvPFL_ldWa8

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