domingo, 29 de junho de 2014
Dia 18 da Copa - Sangue, Suor e Sorrisos
Parafraseando nosso grande amigo @Leo Fox chamarei o jogo de ontem de a "Batalha de Belô".
A Batalha de Belô começou com a guerra dos Hinos a capela. Quando os chilenos começaram a esbravejar seu hino, a torcida brasileira abafou o canto com uma vaia grotesca. Os chilenos tentaram se vingar contudo a massa da torcida "apagou" as vaias com o Hino a pleno pulmões. Eufemisticamente diria que foi uma atitude antipática e desnecessária, porém não presenciei o contexto.
A torcida que está nos estádios ainda não aprendeu a torcer. Ontem a sensação que tive é que ali estava o Maracanãzinho e a partida era de vôlei ou basquete, e o pior, de jogos colegiais. Mas isso não é uma crítica é apenas uma constatação. O paradoxo da torcida "educada" é a inexperiência em torcer. Até os diários estrangeiros estão chamando nossa torcida de pouco criativa. Que absurdo!
Todavia a inexperiência recai em nossos jogadores. A pressão é insustentável. As críticas dos comentaristas gênios, dos programas esportivos, são impressionantes. A verdade é que a maioria nunca jogou nem pebolim e não sorveu da emoção que o esporte proporciona dentro das 4 linhas (e alguns, acho, que nem entre 4 paredes) e destilam veneno. Culpam o técnico por criar esse clima de pressão porque ele assumiu que seria campeão mundial desde que assumiu. Eu pergunto: como Felipão poderia resolver esse dilema do prisioneiro? Chegar e dizer que iria lutar para ir o mais longe possível? Em uma Copa dentro do Brasil? (Chama o Rei da Espanha, por favor).
A pressão nos jogadores está sobre sua carreira, sua vida e sua família. Ontem, em uma mesa redonda, um comentarista falou que esses jogadores não sabem nem quem é Barbosa, da Copa de 1950. Ah, fala sério! Os caras vivem o futebol assistem programa esportivos desde da infância, caso contrário hoje não seriam profissionais, e só do que se fala é do Maracanazzo e do grande culpado. Passados 64 anos, o goleiro ainda é sinônimo de tragédia. Esquece-se a trajetória até a final e lembra-se da falha, porque somos brasileiros com muito orgulho e muito amor de sermos urubus com um grande complexo de vira-latas. Criticar por criticar é muito mais gostoso.
Depois dessa digressão volto para o Barbosa. Mas como Paulo Vinícius Coelho falou, até Pedro Álvares Cabral conhece Barbosa e o Maracanazzo. Porém se nunca ouviram falar os jogadores podem lembrar de Toninho Cerezo e Valdir Peres(1982), Zico (1986), Dunga (1990), Ronaldo (1998), Roberto Carlos (2006), Felipe Melo e Júlio César (2010). Destes Dunga e Ronaldo tenham conseguido apagar a imagem de culpado por ganharem a Copa posteriormente. Entretanto suas carreiras sofreram, suas famílias sofreram e eles, sobremaneira, sofreram demais.
Desses "anti-herois" destaco Júlio César que, nesse último ciclo de Copa do Mundo, foi o bandido da vez e saiu o do céu, de melhor goleiro do mundo, ao inferno do ostracismo de jogar no Canadá. Júlio é a materialização da tragédia de ser o culpado. Culpa que pode ser o verdadeiro fantasma uruguaio que assusta nossos jogadores nesta Copa. O medo do anti-climax, o medo de ser "anti-heroi", o medo de ser "Barbosa" e tornar-se indelével na história da "Copa das Copas". Uma coisa era jogar a Copa das Confederações onde a tragédia era fora dos estádios e o foco eram as manifestações. Os holofotes agora estão dentro de campo.
Assim a "Batalha de Belô" pode ser o divisor de águas para o emocional desses heróis. Primeiro a redenção de um monstro entre as traves (como já falei amanhã ele pode frangar porque vida de goleiro é assim) é a perspectiva de salvação para esses garotos. Segundo, uma vitória que mostra que os Deuses estão conspirando a favor. Terceiro, diminui a pressão de se estar jogando uma Copa comprada. Quarto, eles já foram eliminados no jogo de ontem e as "experiências após a morte" iluminam a vida dos que passaram. E finalmente, o melhor de se chegar ao fundo do poço é porque só existe uma direção e sentido a seguir: "para cima e avante".
Espero que a "Batalha de Belô" com seu sangue, suor e lágrimas de alegria (ou sorrisos para rimar) seja na história conhecida como a "Catarse de Belô" e a atitude da seleção seja outra.
Até porque essa Copa é da Argentina.
Hoje veremos os holandeses detonando os mexicanos e os gregos deixando a Costa Rica pobre.
BAMO ARGENTINA!!!!!!!!!