sábado, 28 de fevereiro de 2015

Para não dizer que não falei de Talita e Shakespeare



Hoje recuperarei o trabalho de Kaveski (2011) que tem como título: Lady MacBeth - "ambição e loucura".



A comparação de Lady Macbeth com Talita foi trazida ao mainstream por Marco e Adrilles durante uma das confusões protagonizadas pela moça.

Não farei comentários permitindo que os leitores tirem suas próprias conclusões, haja vista, que cada um toma a realidade de acordo com suas experiências. Assim entrego o colar do anjo hoje para o coelho e deixo que o líder coloque você, leitor, no paredão.

"A personagem compartilha vários traços de personalidade com o marido: ambos são dotados de temperamento altivo, soberbo e imperativo; são arrogantes e desprezam seus inferiores; seus objetivos são posição e poder. E contrastam em outros pontos: ela é dotada de uma inabalável firmeza de espírito, mostrando-se capaz de submeter a imaginação, as emoções e a consciência. Para Bradley (2000, p.268), Lady Macbeth é um “demônio inabalável” e para Barbara Heliodora, “ela é um complemento de Macbeth, a parte negativa da sua ambivalência” (2004, p. 171), o que a autora chamou de “consciência do mal”." (KAVESKI, 2011, p.320-321)

"Assim que conhecemos a personagem de Lady Macbeth, percebemos a força que ela transmite para seu marido, e então ficamos encantados com sua sublimidade, reconhecemos nela uma obstinação e uma grandeza que nos deixa abismados.Desde o início da peça reconhece-se que, apesar da coragem, a personagem carece de imaginação. Ela, diferentemente de Macbeth, planeja o assassinato de Duncan sem ao menos pensar numa possível falha no ato, e nem mesmo pensa na imagem do rei morto, até que, por um erro de seu marido, ela tem que visualizar o morto e ainda incriminar, com o sangue do rei, os criados embriagados. Para muitos autores é a partir daí que a senhora Macbeth começa a desmoronar [...]"  (KAVESKI, 2011, p.323)

"O psiquiatra Ludwig Jekels defende a ideia de que uma única personalidade foi dividida em duas – Macbeth e Lady Macbeth – e no desenrolar das ações o que era encontrado no primeiro agora se encontra no segundo e vice-versa.Para Harold Bloom, a desilusão de Lady Macbeth estaria relacionada com o afastamento sexual que ocorre entre ela e seu marido." (KAVESKI, 2011, p.326)

CONSIDERAÇÕES FINAIS DA AUTORA

"Talvez Freud tenha razão e não haja argumentos suficientes para explicar como uma personagem tão sublime como Lady Macbeth termina imersa na loucura. Mas, como vimos, é possível levantar várias hipóteses sobre o problema, as quais podemos resumir da seguinte forma: sua fragilidade feminina foi levada a um estado de tensão insuportável; ou então, a ruptura entre os papéis de marido e mulher fez com que Lady Macbeth sucumbisse; ou ainda, uma consciência moral, que nem a própria Lady Macbeth sabia ter, aflora tardiamente fazendo com que ela não consiga suportar o remorso. Concluímos então que cada tese defendida tem seu valor, e uma não anula a outra, por isso para Freud e para minha própria conclusão, “as tentativas são vãs faces às obscuridades do texto, ao poderoso efeito que a tragédia exerce sobre o espectador”. (FREUD, 1986, p.192). O que devemos levar em conta é que toda análise de uma obra é um exercício especulativo que parte de um suporte teórico, e que nenhuma versão é definitiva, estando sujeita a revisões, reavaliações e possíveis mudanças de direção.(grifo do coelho)(KAVESKI, 2011, p.327)
FONTE:
KAVESKI, A.T.Q.. Lady Macbeth: ambição e loucura. Uniletras, Ponta Grossa, v. 33, n. 2, p. 319-328, jul./dez. 2011

PS.: Só reforçando que qualquer comparação se faz com a personagem dentro do BBB...saiu, morreu.

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