Astúcia, seu nome é
Mariza!
Astúcia = habilidade
de quem não se deixa enganar; esperteza; característica da pessoa astuta;
qualidade de quem age de modo a buscar benefícios e vantagens às custas de
outras pessoas.
Ela chegou mansa e simpática,
quase maternal, de forma que as mocinhas da casa, nada afeitas aos padrões
feministas da modernidade, logo a imaginaram cozinhando para todos e pronta a
ouvir confissões e aconselhar. Talvez até, por ser uma “velha”, como a viam,
não tivesse outros interesses senão servir a todos, tal e qual uma rainha do
lar cujos domínios não ultrapassassem os limites da cozinha e da lavanderia.
Afinal, o que poderia pretender ali uma “velha” de 51 anos?
Ah, mocinhas, vocês não sabem de
nada, inocentes! Quanto de arroz, feijão e ovo vocês ainda terão que comer na
vida para chegar, talvez, aos pés de uma Mariza! Como serão vocês, Aline,
Amanda, Angélica, Talita, Tamires, aos 51 anos? Nada impede que usem esses anos
que as separam dessa barreira para crescer, estudar, aprender a respeitar os
demais, mas eu, ainda que imbuída de toda minha boa vontade, não consigo
imaginá-las astutas. Julgam-se espertas, mas se deixam guiar por emoções
primárias e pequenas, dentre as quais se destacam a inveja, o ciúme, a raiva
incontida e o desejo de vingança.
Mariza é emotiva e sensível, sim,
mas na medida certa para que isso não lhe tolde a objetividade. No auge de suas
crises de aparente fragilidade, em meio às afirmações de ter se sentido usada
ou pressionada, não chora calada ou somente escondida, mas antes sabe escolher
o palco que lhe permita mostrar sua indignação, mesmo que em meio às lágrimas.
Mariza não levou para o BBB o
coração inteiro. Deixou a maior parte dele com os filhos. Jamais seria o tipo
que “joga com o coração”, no que faz muitíssimo bem! Astuta, sabe manter um
olho no peixe e outro no gato. Nenhuma emoção tolda sua visão de jogo.
Afeiçoada como diz ser ao Fernando, sempre soube interpretar seus movimentos de
jogador escorregadio e nada confiável. Percebeu claramente que ele se aproxima
insidiosamente daqueles que, em determinada semana, considera fortes no jogo. Enxerga
os erros, fraquezas e deslizes de todos os outros jogadores; verbaliza algumas
dessas percepções, mas duvido que expresse todas. Penso que ela guarda muitas
para si mesma, para uso em benefício próprio no momento mais propício.
Não é por Mariza que eu torço,
mas confesso que não me desagradaria ver como campeã uma mulher madura, inteligente,
bem informada, apaixonada pelo belíssimo trabalho de ensinar, muito bem
articulada, bem-humorada, cuja maior qualidade é o olhar astuto do bom jogador,
que percebe as intenções por trás das jogadas dos adversários e quase se lhes
antecipa na defesa e contra-ataque.
Numa possível vitória de Mariza,
sua primeira frase ao atravessar a passarela e se aproximar de Bial bem poderia
ser, logicamente acompanhada de um sorrisinho maroto:
POST: Ivy S