quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Acabou! Acabou! Acabou!


Fonte: omelete.uol.com.br


Com a mais triste tristeza e rude rudeza digo que, a partir de hoje, acabou!
Realmente não aguentava mais a tensão de conviver com azougues embusteiros que roubaram meu 2014.
Por esse motivo, por decreto irrevogável, outorgo o fim!



O fim desse ano vampiro! Um ano que tentou nos derrubar! Um ano que foi quase uma prova de Iron Man! Vou convidar "a" vocês a viajarem comigo nos ombros de um grande dragão negro Targaryen.

Voltando no tempo e flutuando na mais alta colina daquele montinho branco. Como é mesmo o nome? Ah! Isso! Everest! Olha para baixo e vejo.

Muita confusão! Em uma casinha linda. Em um lugarejo recoberto por flores multicoloridas e uma cachoeira ao fundo avisto uma menininha lourinha, cabelos cacheados, com um sorriso largo e carinhoso. A menina acariciava em seus braços um coelhinho.

Do alto escuto o som tranquilizador de uma pequena cachoeira que contrastava com o silêncio ensurdecedor do ambiente. Do nada, um grito ecoa no ambiente. A garota da janela sumira. E quem gritou? Não foi a garota. Percebi umas criaturinhas que se arrastavam pelas sombras. Ali estavam os azougues de que lhes falei.

Me aproximo um pouco e percebo que a lourinha linda nunca existiu. A mocinha era uma miragem. Apenas uma fantasia débil como uma miragem de oásis no deserto. E isso era só o começo.

Aquele vale bucólico mostrou que as flores tinham espinhos gigantescos e eram plantas carnívoras. O reino da fantasia estava condenado. Mas nem só ferimentos nos trazem os espinhos.

No meio desse ambiente espinhoso convivemos felizes com nossas diferenças. Tropeçamos em argentinos, fomos quebrados por colombianos, destroçados por alemães e assados por holandeses. Só não piorou a situação porque fizeram chucrutes de alfajor para nos deliciarmos.

Ah! Mas o terreno espinhoso apresentava algo muito mais perigoso: areia movediça. E no meio de um pântano enfeitado por rosas travamos a maior luta contra nós mesmos. Uma luta contra a nossa intolerância e nosso viés político de BBBlogueiros para conseguirmos atravessar o terreno infértil de uma eleição. Sobrevivemos porque somos fortes e diferentes.

Mas os azougues estavam ali! Não nos atacou diretamente mas foi carregando nossos pedacinhos. Começou com Paco de Lucia e levou  Jair Rodrigues, João Ubaldo Ribeiro, Hugo Carvana, Johny Winter, Paulo Goulart, Bellini, José Wilker, Pat Adams (ops! Robin Williams), Ariano Suassuna, Luciano do Valle, o Dr. Osmar de Oliveira...e outros mais.

Mas a gota d'água foi Manoel de Barros! Aí não admito!

Por decreto acaba-se 2014! E com ele as tristezas, as dores, as mágoas, as eleições, a copa do mundo e o BBB14. Ah! O BBB14 é melhor esquecer também!

A partir de agora divirtam-se com o quase 2015! E o mais importante é que não podemos desistir de nossos sonhos, de nossa vida e, principalmente, de nossos amigos...com especial atenção para esses casos perdidos como o coelho que vos fala.

Que venha o BBB15!!!

"O livro sobre nada
É mais fácil fazer da tolice um regalo do que da sensatez.
Tudo que não invento é falso.
Há muitas maneiras sérias de não dizer nada, mas só a poesia é verdadeira.
Tem mais presença em mim o que me falta.
Melhor jeito que achei pra me conhecer foi fazendo o contrário.
Sou muito preparado de conflitos.
Não pode haver ausência de boca nas palavras: nenhuma fique desamparada do ser que a revelou.
O meu amanhecer vai ser de noite.
Melhor que nomear é aludir. Verso não precisa dar noção.
O que sustenta a encantação de um verso (além do ritmo) é o ilogismo.
Meu avesso é mais visível do que um poste.
Sábio é o que adivinha.
Para ter mais certezas tenho que me saber de imperfeições.
A inércia é meu ato principal.
Não saio de dentro de mim nem pra pescar.
Sabedoria pode ser que seja estar uma árvore.
Estilo é um modelo anormal de expressão: é estigma.
Peixe não tem honras nem horizontes.
Sempre que desejo contar alguma coisa, não faço nada; mas quando não desejo contar nada, faço poesia.
Eu queria ser lido pelas pedras.
As palavras me escondem sem cuidado.
Aonde eu não estou as palavras me acham.
Há histórias tão verdadeiras que às vezes parece que são inventadas.
Uma palavra abriu o roupão pra mim. Ela deseja que eu a seja.
A terapia literária consiste em desarrumar a linguagem a ponto que ela expresse nossos mais fundos desejos.
Quero a palavra que sirva na boca dos passarinhos.
Esta tarefa de cessar é que puxa minhas frases para antes de mim.
Ateu é uma pessoa capaz de provar cientificamente que não é nada. Só se compara aos santos. Os santos querem ser os vermes de Deus.
Melhor para chegar a nada é descobrir a verdade.
O artista é erro da natureza. Beethoven foi um erro perfeito.
Por pudor sou impuro.
O branco me corrompe.
Não gosto de palavra acostumada.
A minha diferença é sempre menos.
Palavra poética tem que chegar ao grau de brinquedo para ser séria.
Não preciso do fim para chegar.
Do lugar onde estou já fui embora." (Manoel de Barros)

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