quarta-feira, 19 de junho de 2013

A ditadura do Capital


A ditadura do capital

Era final de dezembro e o mundo que imaginava e via como real, desabou.

Aos sete anos percebi, pela primeira vez, o quanto uma mentira pode tornar-se real se a sociedade a propagar. Senti-me manipulada e órfã do “bom velhinho”.

Incredulidade. Decepção. Não porque sentiria falta dos presentes, afinal, meus pais encarregavam-se daquela tarefa. Mas porque o senhor que vivia no Pólo Norte, que vi no Shopping Center, todo pomposo, bochechas rosadas, que minha mãe contou ser real e que meu pai contou ser real, simplesmente, não existia!

Nós somos frutos do meio. Não nascemos ruins. Não nascemos bons. Nascemos, e a sociedade nos molda da forma como ela quer.

Confiamos naquilo que é imposto. Acreditamos que vivemos em uma sociedade evoluída.

A tecnologia, sim, evolui. Mas e a sociedade?

Passa século, entra século, o que vemos é a mesma sociedade movida ao lucro.

Passa século, entra século, o que vemos é a mesma sociedade movida ao capital.

Passa século, entra século, o que vemos é a mesma sociedade movida às desigualdades sociais.




A pirâmide sempre lá. Intacta. Onde estão os seres evoluídos? Não deveriam acabar com a fome? Afinal, como uma sociedade evoluída deixa a maioria dos seus indivíduos na miséria?

Os poderosos, donos do capital, não deixam a sociedade evoluir. Somos moldados, somos escravos daqueles que manipulam nosso pensar.

Até quando acreditaremos que vivemos em democracia, enquanto a mídia, que possui total poder de manipulação, é movimentada por interesse de poucos, donos de maior poder aquisitivo?

O dinheiro - mecanismo arcaico, inventado no século VII a.C - dita as regras. Onde está, mesmo, a evolução?

A sociedade sempre considerou o elitismo, o lucro e a desigualdade como normais. Há séculos o conceito não muda. A sociedade continua estática em suas idéias.

O capitalismo e qualquer outro sistema, já implantados, são falhos. O motivo: são movidos pelo dinheiro.

Um sistema movido a capital não se interessa pelo bem-estar do indivíduo. Interessa, apenas, pelo lucro, que desencadeia uma competição corrupta - os donos de empresas alastram propagandas com o intuito de lucrar e, portanto, o conteúdo das mesmas, na quase totalidade das vezes, não é real - e guerras.

A abundância é inimiga do lucro, uma vez que a escassez mantém o produto valioso. Se, por exemplo, aparecesse ouro em todos os lugares, ele seria completamente desvalorizado. A pobreza, logo, é companheira do sistema e garante poder à minoria.

A eficiência também é prejudicada. As empresas ganham com a venda de seus produtos e, então, não se interessam em criar produtos duráveis, eficientes. Querem sempre criar novos produtos. A tecnologia, portanto, não é desenvolvida de forma ideal.

Por fim, o dinheiro desencadeia a corrupção.

A minoria quer a continuidade desse sistema e, como detém o poder, ou seja, o capital, manipula, de todas as formas, a maioria.

A maioria não tem o que comer. Não tem onde morar. A maioria sobrevive, apenas.

Onde está a evolução? Entra ano, passa ano, entra século, passa século, a sociedade é a mesma. Injusta. Hipócrita. Manipulada.

O dinheiro, a cada dia, é multiplicado pelos bancos. É fictício. E a inflação é o produto da ficção.

Perante esta sociedade doente, somos meras crianças de sete anos. Acreditamos que o capitalismo é um sistema justo e, como a sociedade, permanecemos involuídos e doentes.

Vendados, enxergando absurdos, não fazemos nada.

Afinal, enquanto lambuzamos os beiços diante do banquete diário, assistimos a um documentário sobre a miséria no Brasil e no mundo. A foto de uma criança faminta e esquelética aparece. A comoção é geral. Comentamos nossa “tristeza” e, inertes, abocanhamos o filé mignon mal passado.

Texto de Fabi Comentando

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