quarta-feira, 19 de março de 2014

BBB14: O Melhor BBB da História - Parte 2





Eita! Já estou até escutando:

- Esse coelho endoidou de vez!!!! Tranca no hospício!!!! (hospício é o novo!!!)



O velho corria a minha frente com um "pace" mais baixo do que o meu, e ia se distanciando. Ele, então se virou, e começou a correr de costas e pude observar um sorriso largo naquele rosto bronzeado. No corpo nu, apenas coberto por "um sunga branco", destacava-se um abdômen definido, para sua idade, e uma cicatriz que percorria todo o seu esterno. Aquela marca denotava uma cirurgia cardíaca prévia naquele corpo octogenário. Como ele corria daquele jeito? Mas o que o deixava tão feliz para sofrer correndo assim e resplandecer em felicidade? Isso me intrigou. Era a deixa para eu não desistir. Eu precisava entender. Mas eu não queria mais a dor! Então resolvi sorrir!

O efeito de um sorriso na minha pessoa é sobrenatural. Minha mente desanuviou e um "insigth" surgiu. Se eu desviasse meus pensamentos da dor, o tempo se relativizaria, e eu seguiria os próximos quilômetros. Pensei em cantar. Opa! Cantar seria desperdiçar oxigênio. E oxigênio já me faltava. Então cantei em silêncio, dentro de minha cabeça, para afugentar a Kamilla que ali se escondera. E a música que me veio foi "Sonhos de um Palhaço". Uma música com uma cadência e uma tristeza que não combinavam com o momento. Mas por algum motivo ela se encontrava querendo sair. Mas quando chegasse no seguinte trecho eu entenderia o porquê:




Ah, o mundo sempre foi
Um circo sem igual
Onde todos representam bem ou mal
Onde a farsa de um palhaço é natural

"Eureka"! Aquela corrida estava substituindo a dor que sentira na noite passada durante eliminação de Diego no BBB14. E chegara a hora de enfrentar aquele fantasma que me assombrava e aproveitar para canalizar minha mente nesse sentido. Esqueceria, desta forma, as fibras musculares que teimavam em não contrair e distender totalmente para me impulsionar com mais força para o meu destino. Meu tico e teco começaram a discutir e eu já avançava no segundo quilômetro.

(É isso mesmo! Por que lembrei de BBB com essa música? É isso que querem saber? Foi pelo post? Será que estou chamando Marcelo de palhaço e de uma farsa? Pensa tu!)

Minha mente montou uma retrospectiva de final de ano do Jornal Nacional apresentando cenas desse BBB e de anteriores até montar um clipe de imagens bizarras. Esse programa sempre me divertiu, mas algo mudou nessa edição. Algo que avançou profundamente em minhas entranhas, concentrou, concentrou e explodiu. Uma explosão, digna do Vesúvio, que corroía tudo em que os estilhaços tocavam. E o que mais impressionou foi o sumiço do bom humor e espírito esportivo da audiência do programa. Inclusive eu... estava perdendo o bom humor.

(Ah! Tá certo! Pode dizer que não tenho bom humor. Que tenho chato humor! Então, não ria quando eu disser que você é um babaca, leão! )

Na verdade perdi o bom humor sim. Esqueci até da minha máxima: "BBB é um jogo. Lá dentro temos personagens. E eles estão lá para serem zoados. Quando saírem deixam seu personagem". Mas não deu uma cena tétrica de duas mulheres, que fingem ser um casal, ficaram simulando uma tentativa de abuso sexual. É! Isso foi a gota d'água. Não pela cena; se tivesse sido feita por dois homens não seria tão chocante, para mim, porque poderia culpar o machismo e a falta de respeito. Mas eram mulheres! Foi demais! Chocante! E a revolta maior foi notar que essas imagens sumiram da mídia. Ai, como lembrar disso faz mal.

Ai! Lembrei que estava correndo! 2,6 Km grita o celular. Eita, acho que quero a dor dos músculos de volta. Esse último pensamento me deu ânsia de vômito. Então, vislumbrei um navio de passageiros multicolorido na enseada e percebi que esse mundo é lindo. Que precisamos buscar o belo no fel de nossas memórias que, então, encontraremos para nos regozijarmos. Pense! Mergulhei nas profundezas dessa história, emergi, submergi e voltei a superfície novamente; e quando já ia desistindo, acho que, encontrei. Uma verdadeira e profunda abstração, podes crer!

...........................TO BE CONTINUED.............................

A frescura que significa: aguardem que vem mais besteira ainda!!!!

Beira-mar

Zé Ramalho


Eu entendo a noite como um oceano
Que banha de sombras o mundo de sol
Aurora que luta por um arrebol
Em cores vibrantes e ar soberano
Um olho que mira nunca o engano
Durante o instante que vou contemplar
Além, muito além onde quero chegar
Caindo a noite me lanço no mundo
Além do limite do vale profundo
Que sempre começa na beira do mar
É na beira do mar
Olhe, por dentro das águas há quadros e sonhos
E coisas que sonham o mundo dos vivos
Há peixes milagrosos, insetos nocivos
Paisagens abertas, desertos medonhos
Léguas cansativas, caminhos tristonhos
Que fazem o homem se desenganar
Há peixes que lutam para se salvar
Daqueles que caçam num mar revoltoso
E outros que devoram com gênio assombroso
As vidas que caem na beira do mar
É na beira do mar
E até que a morte eu sinta chegando
Prossigo cantando, beijando o espaço
Além do cabelo que desembaraço
Invoco as águas a vir inundando
Pessoas e coisas que vão se arrastando
Do meu pensamento já podem lavar
Ah! no peixe de asas eu quero voar
Sair do oceano de tez poluída
Cantar um galope fechando a ferida
Que só cicatriza na beira do mar
É na beira do ma

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