sábado, 8 de março de 2014

O Muro



O que você faz atrás do muro?
Eu sei que eu não levaria a minha mãe!

Eu seria muito Brega

Muralhas da Solidão

Lindomar Castilho


Mãe...
eu recebi suas lembranças e me
senti uma criança ao receber sua benção.
Mãe...
ai senti a realidade do quanto dói uma saudade e quanto sofre um coração
Mãe...
eu por aqui vou indo bem, eu por você rezo também, minha mãezinha santa que é
Mãe...
do silêncio que é seu grito, do seu amor que é infinito fiz minha profissão de fé. Aqui é tão dificil a liberdade, só a injustiça e a falsidade andão passando nos horizontes.
Mãe...
aqui qualquer nervo de aço se transforma em mil pedaços pela rotina massacrante.
Mãe...
aqui tudo é diferente, eu vivo em meio a tanta gente e me sinto só com a minha dor, mas, essa dor eu a transformo num sorriso, meu inferno em paraiso ao plantar na lama e colher uma flor.
Seis horas apaga se a luz de mais um dia, na tarde tristonha o sino tange momentos de orações - Ave Maria - tudo vai ficando quieto só na cidade se ouve aralidos, burburilhos de carros, mêtros e sons coloridos chegam com a gargalhada de uma criança e assim todo nosso ambiente vai se fazendo mais cercado e silente pelas muralhas da solidão e da desesperança. 
Nove horas a sentinela lá da sua guarita distante sobre um dos portões fortes e gigantes inicia o toque de silêncio em seu colarim, o cerco da solidão vai se apertando a medida que as luzes vão se apagando. Noite dos fantasmas e temebrosos dali.
Mãe...
tenho que parar por que agora por aqui tudo é silêncio.

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